FORMAÇÃO CONTÍNUA DA EQUIPA TÉCNICA NO VOLEI DE PRAIA

A Ciência do Treino Desportivo tem vindo a evoluir cada vez mais. Cabe, a nós que trabalhamos no alto rendimento desportivo, atualizarmo-nos e procurar os detalhes para formar um atleta CAMPEÃO. Foi com esse pensamento que o Alexandre foi à Rússia fazer um curso de aperfeiçoamento na área do treino de alto rendimento desportivo. A Rússia tem uma tradição e um nome muito forte no que se refere à teoria geral do treino desportivo. Afinal, essa teoria veio de lá para o mundo, por um génio chamado Matveev. O aperfeiçoamento foi realizado na Russian State University of Physical Education, Sport and Tourism, por grandes Cientistas Eméritos na área do treino desportivo.
Em Abril, Ana Rita Gomes, estará em Inglaterra, no ISPAS (International Society of Performance Analysis of Sport) a apresentar um trabalho intitulado "CORPORAL COMPOSITION ANALYSIS OF THE UNDER 21 BRAZILIAN NATIONAL TEAM PLAYERS DURING 2007 BEACH VOLLEYBALL WORLD CHAMPIONSHIP".

FORMAÇÃO NO VOLEI DE PRAIA

Longe vai o tempo em que o volei de praia era um prolongamento do voleibol indoor…
São duas modalidades (olímpicas) completamente distintas.
Os novos jogadores que surgem no circuito mundial são já formados no volei de praia e não vêm do indoor como há uns anos atrás.
Nenhum dos atletas (feminino e masculino) que conseguiu o apuramento para o volei de praia dos JO PEQUIM jogava indoor. Todos são profissionais desta modalidade.
A semelhança que consigo encontrar será apenas a nível técnico e, mesmo aí, há inúmeras diferenças, dadas as características do volei de praia.
Senão vejamos:
-Fisiologia (completamente distinta, exigência de treino físico completamente distintas);
- Psicologia (o facto de serem apenas 2, sem treinador, sem substituições, em que um é sempre massacrado, etc. faz com que seja completamente distinto);
- Táctica (2 num espaço 8/8m, completamente distinta);
- Forma de competição (completamente distinta).
Ainda pensam em que os campeões do volei de praia surgirão do voleibol indoor?

Mesmo quando as condições climatéricas não o permitem (neve), os países investem em recintos indoor de forma a garantir a excelência no treino de alto nível.

Exemplo desse investimento é o número de duplas europeias que conseguem estar no quadro principal em todas as etapas do mundial. Todo o ano treinam volei de praia (podem consultar os links no blogue http://raquelsusana-voleipraia.blogspot.com/). Em recintos cobertos ou noutros países (e o nosso seria um excelente local para investir nesta modalidade... Quantas duplas da europa ganhariam mais se trocassem o investimento na Nova Zelândia, Austrália, EUA e Brasil por um outro em Portugal?), os/as atletas investem de um modo muito profissional nesta modalidade olímpica.

A nossa estrutura social reserva sempre um lugar muito especial ao Desporto. É do consenso geral, e de fácil compreensão, a importância que este ocupa dentro desta mesma estrutura, sendo considerado, já por vários autores, como representativo da sociedade em que se insere, expressando de forma clara as suas características.

O Desporto é um meio pedagógico, por excelência, pelos valores que contém e permite expressar, na construção de uma sociedade. Integrado nesse propósito, quando falamos na necessidade da formação no volei de praia para se antingir a excelência nesta modalidade, pretendemos, acima de tudo, com este projecto de formação no volei de praia, que o/a atleta aprenda a aprender a lidar consigo mesmo e com os outros. Uma aprendizagem que o/a ajudará a construir a sua vida e a encontrar o seu sentido, com todos e para todos.

Os programas de treino durante a formação deverão incluir realidades tão complexas quanto as do alto rendimento, mas adequadas aos jovens, no estatuto que os identifica como tal. Ou seja, um desporto para jovens não deverá permitir um desvio daquilo que é a actividade da criança, na sua essência; a infância é a sua preparação para a vida, tornando-a competente, quer como pessoa quer como atleta numa modalidade específica.
Para que a formação cumpra este desiderato e o desporto emirja como um conteúdo educativo e formativo altamente significativo, parece ser fundamental que modelação do processo de formação e preparação de jovens atletas e dos respectivos treinadores seja alvo de um tratamento cuidado e transdisciplinar por parte das ciências que apoiam a teoria e metodologia do treino desportivo (é isto que procuramos fazer, uma vez que não há muitos estudos científicos no volei de praia).

A especialização no desporto de rendimento é uma manifestação da tendência geral para a especialização em todos os domínios da actividade humana. O problema reside na sensibilidade para perceber a quantidade, a qualidade e o timing dos estímulos para a referida especialização (multilateralidade e/ou especificidade).

Muitas vezes, também é a partir do Desporto Escolar que se perspectiva uma carreira desportiva, mas não nos podemos esquecer que não são todos encaminhados... a grande parte fica mesmo apenas pelo desporto escolar, mas são esses mesmos o sustento do alto rendimento, pela sua identificação com a modalidade, acarinhando-a e divulgando-a no contexto onde estão inseridos. Por isso, será também nosso propósito formar árbitros para o volei de praia (competições informais e depois formais), bem como fazer uma captação através da integração desta modalidade no Desporto Escolar.

Para além do encaminhamento, é preciso não esquecer que estes jovens precisam sempre do apoio da escola (de acordo com a legislação que o abrange), quer o seu destino seja o alto rendimento, quer o do desporto escolar, nas suas distintas vertentes. O que se tem verificado é que os jovens mais dotados não são referência para o país, pais, professores e colegas, na medida em acabam por prejudicar a sua vida escolar e, muitas vezes familiar/social, para conseguirem responder às exigências do processo de preparação no qual estão inseridos.

Há, pois, que criar as mesmas condições para todos de forma a que todos consigam atingir a excelência!