É sempre um grande orgulho para nós portugueses recebermos uma prova da CEV em Espinho, nomeadamente no âmbito do volei de praia.
Esta é a primeira prova de volei de praia de âmbito internacional para todos os participantes (excepto aqueles que a repetem), uma vez que se dirige para o escalão sub-18. Seria pois, por isso, de prever um maior equilíbrio entre os participantes, mas é já notória a diferença entre os países que investem na modalidade, que são organizados e não fazem investimentos ao acaso.
Os centros de alto rendimento da FPV conseguiram trabalhar com alguns atletas apenas 3 a 4 semanas (apesar de os trabalhos terem iniciado em Maio, mas os compromissos escolares e a ausência de outro local de treino, impediram os responsáveis de trabalhar com todos os atletas diariamente). Ainda assim, há atletas que se salientam: uma, no feminino, que iniciou a competição na praia pela mão da sua treinadora há já alguns anos, tendo usufruído de várias competições a nível sénior; e outro, no masculino, que há anos joga na cidade onde vive e no primeiro torneio em que participou o ano anterior foi vencedor (sem nunca ter ído a um treino dos centros de formação da FPV).
Deste modo e, apesar de ser de qualidade o trabalho que lá é oferecido, nunca será suficiente se continuar desta forma. Há que investir em mais centros no país e dinamizá-los o ano todo!
Os atletas são poucos e só com muito trabalho ao longo dos anos exclusivamente no volei de praia, poderiam competir de igual para igual com os seus adversários (que, como vimos pelas declarações da atleta russa, já estão a investir exclusivamente no volei de praia há 2 anos, ou seja, desde os 14 anos).
Além disso, os atletas que participam nesta prova não sabem como vai ser o seu futuro no volei de praia (dependendo do local onde vive, da sua motivação, da possibilidades de treino e de competição, poderá ou não continuar na modalidade).
Aos outros atletas dos centros de alto rendimento da FPV dos escalões sub-20 e sub-23 não lhes é oferecida a possibilidade de competir internacionalmente (porque a competição não se realiza no país e envolve custos), tal como acontece com os outros países que estão integrados nas provas da CEV (e que há uma sequência lógica do trabalho).
Se os atletas decidirem participar nessas provas, fica tudo a seu cargo, ainda que seja uma primeira vez e como recompensa da vitória nos campeonatos subs realizados a nível nacional.
Foi referido também que dos centros da FPV (a funcionar desde 2005) saíram duplas para os campeonatos séniores, europeu e mundial. Quem?
Rui Moreira não joga com Ricardo Oliveira, mas sim João Simões. Só o ano passado participaram no Europeu e porque foi em Portugal. A nível mundial nunca participaram.
No feminino, as duplas que jogaram o mundial sub-23 o ano passado já jogavam volei de praia há alguns anos e apenas no ano anterior participaram nos treinos dos centros da FPV. Este ano, apenas uma dupla está presente, de forma mais ou menos assídua, no campeonato nacional. A nível europeu e muito menos mundial não têm qualquer participação.
Desde 2005, um atleta? E que, com toda a certeza, se não fosse pela mão da FPV, traçaria o mesmo percurso!
Depois disto tudo, acresce ainda a cultura desportiva portuguesa. É comum a opinião de que o volei de praia em Portugal não é necessário nem muito menos se poderá profissionalizar alguém no volei de praia.
De facto, nem com todas as condições necessárias para ingressar numa carreira profissional (de sucesso ou não), os(as) atletas parecem não estar dispostos a suportar tudo o que um compromisso envolve.
Ainda assim, o volei de praia vai (sobre)vivendo em Portugal (à custa de muitos esforços: da FPV, da AVP, dos pseudo-treinadores (pelas circunstâncias em que são colocados a trabalhar) e dos atletas (serão mesmo?!)...